Na minha casa tem um pé de caju e pela primeira vez em 5 anos ele está dando frutos, e muitos. Já comemos a fruta e já fizemos suco. Ele já virou vinagrete e também doce. Os amigos levam para casa. Fizemos até doação de caju, novos brotam sem parar.
Para essa história fazer sentido, preciso voltar um pouco no tempo.
Quando eu me mudei para esta casa, além do cajueiro, havia um limoeiro. O cajueiro era muito grande e eu achei que daria muitos frutos. Já o limoeiro era menorzinho, eu não “botei muita fé” nele. Pouco tempo depois de instalado, o limoeiro começou a frutificar. Aconteceu exatamente o inverso do que eu esperava e durante muito tempo não faltou limão nessa casa.
O pé de limão morreu assim que foi anunciada a pandemia. Foi muito rápido, eu não quis acreditar. Chamamos um médico de plantas, que foi esperançoso: “Ele pode até voltar”. O meu querido limoeiro, que eu aprendi a amar, se foi. E eu não pude fazer nada, pois ele não voltou.
Chamamos um jardineiro para remover o pé de limão morto e um vazio se instalou em mim. Pensei em substituí-lo, mas decidi aguardar um pouco. O tempo passou e a primavera chegou. Junto a ela veio uma grande surpresa: a abundância de cajus, também sem aviso prévio. A abundância dessa nova fruta me fez refletir bastante sobre vida e morte, prosperidade e escassez.
Ontem eu deitei na rede e me percebi olhando em direção ao espaço vazio deixado pelo limoeiro, então fiz uma prece, lembrei de ter pensado em substituí-lo, como se fosse possível. Ao mesmo tempo, eu dei as boas-vindas a todos os cajus que vi ao redor do jardim, caídos no chão, aguardando para serem apanhados.
A natureza é tão sábia e simples. Ela vai acontecendo ao nosso redor. Só precisamos observar e deixar. Deixar ir. Deixar vir. Deixar fluir. Confiar.
E com tantas mudanças acontecendo no nosso planeta, com tantas incertezas e questões abertas, o convite à confiança é muito bem-vindo. Confiar que o fruto certo vai brotar, quando você menos esperar, e você vai prosperar. Acredite.
Anne K.