A pandemia chegou sem aviso prévio e nos obrigou a parar. Instalou-se uma crise no sistema público de saúde, nas empresas e também nas famílias. A partir dela, muitos ciclos foram encerrados, empresas fecharam, famílias acabaram e pessoas morreram. Qual é, então, a relação entre a crise e o encerramento de ciclos?
Segundo o dicionário Michaelis online, crise é um estado em que a dúvida, a incerteza e o declínio se sobrepõem, temporariamente ou não, ao que estava estabelecido como ordem econômica, ideológica, política e etc.
Crises vêm e vão, faz parte da nossa existência, os mais vividos estão mais habituados e lidam melhor com elas. A reflexão de hoje é sobre as misturas. É possível que o contexto de crise se confunda com o contexto de encerramento de ciclos? Durante a pandemia muitos ciclos foram encerrados e alguns deles até com um certo atraso.
Fechar um ciclo e reagir a uma crise são coisas distintas. O pensador francês Jean-François Zobrist disse: “Cada vez mais pessoas entendem: isto não é uma crise, mas o final de um ciclo.”
Ciclos se iniciam e se encerram. Em alguns contextos, existe uma dificuldade de deixar ir o que precisa ir no tempo adequado e algo que poderia ter sido encerrado com maturidade e tranquilidade, encerra-se com desgaste emocional e polaridades. Como seria encerrar uma relação de trabalho antes de se escalarem conflitos e discussões? Como seria encerrar casamentos quando a força que une o casal já não existe?
Estar atento aos ciclos da vida é algo digno e sábio. Culturalmente, existe uma certa resistência a esses movimentos de transição e, em alguns casos, o ciclo pode se encerrar em um contexto de muita prosperidade. Quando isso ocorre, essa prosperidade continua no novo contexto escolhido e há uma real possibilidade de evolução. Se o que precisa ir tem espaço para ir com força, o que vai chegar também ganha em qualidade, é um processo lindo.
O convite dessa reflexão é não limitar as crises a um período de encerramento de ciclos. Se os ciclos forem encerrados no momento adequado e de forma digna e justa, as crises podem ser vistas como oportunidades de crescimento e evolução. Assim, essa pandemia que nós vivemos não foi apenas palco de fechamentos. Também houve espaço para inovação, crescimento e transformação. De que lado você ficou?
Anne K.