Olá,
Hoje o dia é especial. Além de ser o último dia do curso de neurosistemica, eu tive a honra de poder entrevistar o Dr. Gunther Schmidt. Falamos durante 15 minutos, o gravador ligado e eu encantada com a força e a desenvoltura deste alemão, que tem um controle imenso sobre a sua própria mente, e simplesmente é exemplo vivo do que ensina.
Gunther Schmidt trabalhou cinco anos com Helm Stierlin, um dos pioneiro em terapias familiares na Europa, e eles introduziram os conceitos sistêmicos e construtivistas na Alemanha. Ele percebeu que muitos dos conceitos sistêmicos utilizados eram uma extensão dos estudos do Milton Erickson, e foi assim que ele e Milton se conheceram e deram início a este trabalho, que já existe há quase 40 anos. Gunther mencionou que outros pioneiros como Paul Watzlawick e Steve de Schazen também cooperaram com Erickson durante anos.
Gunther ressalta que hoje, através das pesquisas neurobiológicas, existem provas científicas dos efeitos da neurosistemica e do trabalho do Milton Erickson, e como consequência disso, o uso das técnicas e das intervenções aumentou, ou seja, o que se praticava nos anos 80, hoje é explicado pelos estudos sobre o cerebro, e isso fez com que o trabalho ganhasse força.
Eu o questionei sobre o desenvolvimento da metodologia no decorrer dos anos, e ele explicou que há 37 anos existia uma base, que permanece até hoje, e que no decorrer dos anos ele foi desenvolvendo variações para diversos usos, como, por exemplo, a ginástica para resolução de problemas, entre outros.
Outro aspecto importante que evoluiu nesse tempo foi “a força do presente”. Antes dava-se mais importância às experiências do passado. Era bastante importante, nos anos 80, entender o problema e seus efeitos. Hoje em dia o foco maior está nas soluções sistêmicas, e em muitos casos o problema é totalmente irrelevante, por isso fala-se apenas em efeitos e soluções sistêmicas para os desconfortos.
O Gunther já atingiu cerca de 20.000 pessoas diretamente ao longo dos anos com os seus conceitos de neurosistemica, e tem muitos desafios pela frente. Ele considera que o número de pessoas que tem acesso às técnicas pode crescer muito, que ainda há muito espaço para multiplicação do seu uso no mundo inteiro. O seu próximo foco será a pedagogia, e segundo ele, pode-se trabalhar muito bem com crianças, estimulando-as a lidar bem com o stress e situações de fracasso.
Gunhter ressaltou a importância de praticar os conceitos da neurosistemica de “corpo e alma”como pré-requisito para conseguir trabalhar como agente multiplicador da metodologia. Não há sucesso sem congruência, segundo ele, e congruência neste tipo de trabalho só se atinge com a prática. Ele afirma: “Se o Coach não se trabalhar intensamente usando a metodologia, não haverá sinergia suficiente para atender um único cliente”.
Ele expressa claramente o desejo de ver os coaches, terapeutas e líderes praticando mais a neurosistemica como exercício de auto gestão e sensibilidade para fenômenos involuntários. Nesse trabalho, o domínio do todo só se dá através de prática diária. Com a prática, é possível sim atingir o nível da excelência e congruência necessária para atender clientes e obter sucesso.
Finalizei a entrevista perguntando para o Gunther o que o Milton Erickson diria para ele se o encontrasse nos dias de hoje. Após uma gargalhada e curta pausa, ele respondeu:
“Gunhter, você entendeu e fez um bom trabalho com os conceitos que eu te passei, e acho que ele também diria que eu poderia ter mais confiança na auto regulação interna das minhas forças involuntárias. O Erickson tinha muita confiança nas força da intuição e dos seus poderes involuntários, era sensacional. Perto do Erickson, eu ainda sou um principiante.”
A entrevista foi emocionante. Não foi apenas o que ele disse, e sim “como”ele disse: foi congruente e inspirador.
Anne K.