Antes de tudo, gostaria de agradecer pela repercussão positiva de vocês sobre esse meu novo espaço, e iniciar nossa comunicação pela provocação de um amigo sobre o tema do “milagre”. Hoje eu dedico este post a duas pessoas: o poeta Lau Siqueira, pela provocação, e Milton Erickson, pelo milagre.
Milton Erickson, referência mundial nos estudos de hipnose aplicada a psicoterapia, foi diagnosticado aos 17 anos com poliomielite pelos médicos, que informaram a seus pais de dois possíveis cenários: não sobreviver às 24 horas seguintes ou ficar paralítico pelo resto da vida.
Erickson não foi vítima, e sim herói da sua própria história. Em 1970, 52 anos após o incidente, Francisco Varela e Humberto Maturana criaram o termo “autopoiesis” para explicar a capacidade dos seres humanos de se “auto-produzirem”. Erickson, que afirmava que “a cura vive por si”, decidiu viver, reaprender a falar, andar e provar para o mundo que o milagre está dentro de nós.
Erickson praticou autopoiesis mais de meio século antes de o termo ser criado, e foi um dos pioneiros nos estudos de terapias sistêmicas familiares. Atualmente usa-se o termo neurosistêmica para classificar sua tese, que já existe desde a décaca de 80 e ganhou força após os estudos da biociência, que hoje comprovam cientificamente o que Milton iniciou de forma empírica.
Eu tive a honra de conhecer um dos alunos e assistentes de Erickson, que hoje lidera os estudos e práticas das terapias hipno-sistêmicas na Alemanha: Dr. Gunther Schmidt, que chegou até Erickson por também ser pioneiro nos conceitos sistêmicos e construtivistas nos anos 70. Gunhter é fundador e diretor do Instituto Milton Erickson de Heidelberg, e trabalha na pesquisa e no tratamento de pacientes com o uso da neurossistêmica.
Numa ramificação recente, e não menos importante, o poder do cérebro e a capacidade de auto-gestão estão sendo bastante utilizados no mundo corporativo. Na sala de aula do seu último curso em Abano, mais da metade dos inscritos buscava nos conceitos e técnicas soluções mais simples para aplicar em organizações.
Se você se pergunta como esses conceitos podem ser aplicados na sua empresa e na sua vida, posso garantir que é bem mais simples do que você imagina. Os pressupostos são que temos dentro de nós os recursos necessários para conseguir as soluções que buscamos, e que além disso podemos fazer uso de ferramentas simples, como o “priming” (foco da nossa atenção) e ginástica corporal para atingirmos melhores resultados.
O milagre consiste em se empoderar da sua vida e dos seus desejos, e usar o seu cérebro como ferramenta de “cura” e de prosperidade. Milton decidiu que viveria e, ao contrário do que os médicos profetizaram, morreu aos 71 anos, deixando para todos nós um legado inovador e inspirador.
Para mim, a grande lição que fica é que é possível sim ter um melhor controle do gerenciamento das minhas reações involuntárias, desenvolver minha intuição e percepção, e me colocar como protagonista da minha vida, assumindo minhas escolhas e me liberando de limites impostos pela sociedade. Se eu pudesse encontrar o Milton, eu diria para ele que acredito, sim, em milagres.