Peixinho ou Peixe Grande?

David Lynch começa o seu livro Em Águas Profundas de forma metafórica: “Se você quer pegar um peixinho, pode ficar em águas rasas. Mas se quer um peixe grande, terá que pescar em águas profundas”.

Estamos no século XXI, e o psiquiatra Augusto Cury citou, em uma de suas entrevistas, que  nos dias de hoje, uma criança de sete anos tem mais informação do que um imperador romano.

Você pode estar se perguntando: o que a metáfora dos peixes tem a ver com as nossas crianças?

O neurobiólogo alemão Gerhardt Hüter afirma, em suas falas, que devemos observar os nosso filhos para ajudá-los a descobrir os seus talentos. Os talentos precisam ser estimulados, caso contrário serão atrofiados. Se eu crio condições para que alguém desenvolva um talento nato, este pode ser aprofundado. Na nossa sociedade, com o bombardeio de informações a que somos expostos, parece paradoxo esse processo lento de observar, criar condições e estimular, quando temos acesso a várias soluções prontas.

Muitas pessoas confundem o observar com o sobrecarregar. Eu conheço uma criança que, aos 9 anos de idade, faz ou fez aulas de inglês, dança, fotografia, hipismo, canto, balé e culinária. O perigo de ser tão estimulado por atividades terceirizadas é que a observação de um terceiro sobre essa criança pode ser apenas uma interpretação, e não um talento nato.  

Hüter defende  que os talentos devem ser observados em atividades do dia-a-dia. Uma criança, ao abrir o armário da cozinha, pode externalizar diversos comportamentos: ela pode arrumar tudo, bagunçar tudo, contar tudo, reorganizar de forma otimizada etc. Um talento se revela nas coisas simples, sem interpretações de terceiros.

A pergunta implícita na fala do cineasta Lynch é: O que motiva alguém a querer pescar um Peixe Grande, a querer se aprofundar em algo? Se nos dias de hoje, com tantas opções de entretenimento, decidir aprofundar é sinônimo de ter um propósito. Ter um propósito requer tempo, amor e identificação com algo maior.

O meu recado hoje aqui é simples: Menos é Mais. Mais é Menos.

O convite é focar no que é importante, no que você é bom, onde você pode fazer a diferença. E só você pode saber onde você pode fazer a excelência. Se observe. Cale. Ouça. Sinta. Seja.

Seja mais você, menos o que se espera de você. Quanto mais próximo da sua essência você estiver, mais pessoas da sua tribo você vai atrair, e você vai sentir como é estar em águas profundas… e quem sabe os Peixes Grandes não se aproximarão aos poucos!?

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