E às vésperas de entregar o meu artigo me pergunto: Quanto tempo eu ainda tenho antes de começar a escrever? Isso seria procrastinação? Como identificar se você está adiando ou se está precisando organizar melhor o seu tempo? Existe sim uma grande diferença entre os dois temas!
Organização do tempo está relacionada com entender as prioridades do contexto que você está vivendo, já a procrastinação está relacionada com a falta de conexão com um propósito maior, o que faz com que algumas tarefas não tenham força suficiente para serem executadas.
Voltando ao tema da organização do tempo, o que não se percebe muitas vezes é que nossos contextos vão mudando de forma orgânica e em algum momento é necessário fazer um balanço intermediário, termo que o Alemão Günther Schmidt usa para nomear intervenções nos nossos padrões de comportamento, que vão trazer mais flow para o nosso cotidiano.
Um exemplo típico: Com a pandemia, houve muitas mudanças abruptas e isso influenciou o dia a dia das pessoas. Crianças ficaram em casa, profissionais não puderam ocupar o seu local de trabalho e empresas pararam o seu funcionamento. Depois de um certo tempo as coisas foram se reorganizando nesse novo contexto e a volta às atividades normais, ou pelo menos a volta parcial dessas atividades, também voltou a influenciar a rotina.
É um vai e vem de ações, ajustes, novas ações e novos ajustes. Esse movimento exige que as prioridades sejam reorganizadas, assim como o tempo que será disponibilizado para elas.
Já a falta de conexão com um propósito maior causa um outro tipo de sensação: Falta de disposição e energia para determinadas atividades, que parecem ser muito importantes. Narrativas são construídas com belas histórias, por serem contadas o interlocutor se convence de que essa história é perfeita, sendo que há um detalhe importante, a história não sai do imaginário, não acontece.
Se conectar com um propósito é algo que exige coragem. Coragem de se despir. Coragem de esvaziar e deixar ir narrativas que já não servem. O cientista americano Roberto Dilts defende a tese de que a motivação está diretamente relacionada ao propósito. Segundo ele, quando há um propósito (para que eu estou fazendo isso?), ou seja um sentido, tarefas enfadonhas são feitas pois são importantes para algo maior, que faz sentido e tem força.
Eu vou escrever um livro sobre a aplicação da visão sistêmica no dia a dia das pessoas, e por essa razão eu me sento semanalmente, ainda que reconheça a necessidade de organizar melhor o meu tempo, para escrever com prazer e disciplina, o meu artigo semanal. Faz muito sentido!
Anne K.