Qual o Brasil que VOCÊ quer?

A minha inspiração para este artigo é o livro da amiga Isabel Wiesman, que foi publicado em 2016 pela editora Suertz, intitulado “Liebeserklaergung an Brasilien”, que, em português, significa Declaração de amor ao Brasil. O livro faz parte de uma série, na qual diversos autores declaram seu amor por países diversos. Esta edição está disponível apenas em alemão.

Isabel era diretora do New York Times e decidiu, há cerca de cinco anos, largar a sua carreira promissora para morar no nosso país. Ela viveu durante um tempo na ilha de Boi Peba, na Bahia, e após um período sabático de várias viagens Brasil afora, decidiu abrir uma pousada na praia de Peroba, no Ceará. Nós nos conhecemos este ano, em uma das minhas viagens em busca de lugares exóticos, e nos reencontramos há uma semana, quando tive a chance de ler o seu livro e refletir a respeito.

Nele, ela ressalta as nossas características mais conhecidas mundo afora, que são: bom humor, simpatia, alegria, espontaneidade, acolhimento, criatividade, e também cita alguns exemplos nos quais a falta de planejamento, de pontualidade e de comprometimento são protagonistas. Tudo narrado de forma respeitosa e carinhosa.

É isso que o mundo quer ouvir sobre nós. Nosso potencial de viver um dia de cada vez, sem nos preocupar, sem planejar. O mundo adora a anedota de que o “ordem e progresso” se encontra, apenas, na nossa bandeira.

Eu gostaria de refletir sobre isso: é assim mesmo?

Eu discordo.

Morei dez anos na Alemanha e voltei há quatro. Eu consigo ver, sim, o Brasil da ordem e do progresso em muitos amigos, muitas empresas e muitas situações. Eu estava na Alemanha durante a abertura das Olimpíadas e o que vimos lá foi de extremo profissionalismo! Algo que exigiu definitivamente bastante disciplina e ordem de todos os envolvidos!

Tenho um amigo, que inclusive escreve uma coluna na revista EDIFICAR, o querido Zé Carneiro, que lidera um evento de trilhas, no Brasil, para uma multinacional francesa, e tive a chance de acompanhar de perto toda a logística de organização deste evento, que exige: disciplina, pontualidade, conhecimento técnico e agilidade. É um desafio “off road”, que pode ser degustado por qualquer nacionalidade, nos moldes mundiais de profissionalismo esperados.

Muitos de vocês, que estão lendo este artigo, tem empresas organizadas, equipes eficientes e planejamento anual. Precisamos melhorar? Sim, e quem não precisa melhorar? Não estou aqui para pregar que está tudo sob controle, e nada precisa ser feito. Estou aqui para ressaltar um Brasil que progride SIM e há brasileiros que estão conectados com as tendências e que têm performances profissionais de alto nível.

Eu vejo essas pessoas e acho que nós deveríamos iniciar um processo de valorização dos nossos bons profissionais e de elevação da nossa autoestima. Não somos apenas o país do futebol e do carnaval, e se é mais interessante para o mundo olhar o nossos lado oba-oba, não precisamos concordar com tudo e vestir esse chapéu de “sombra e água fresca”!

Eu trabalho duro, com bastante criatividade e flexibilidade, sim, afinal, sou brasileira. Atendo diversas empresas da Paraíba e de Pernambuco que não deixam a desejar para empresas do Brasil e do mundo. Tenho clientes pontuais, responsáveis, comprometidos e visionários. Já empreguei pelo menos quatro treinadores internacionais, que foram tratados aqui com bastante profissionalismo, e a consequência disso é que, hoje, sou procurada por top treinadores que querem se hospedar à beira-mar e conhecer os empresários da cidade.

Chegou a hora de exaltarmos, também, o nosso lado promissor e empreendedor, e sairmos da sombra do pressuposto “criado” de que não somos competitivos com os países de primeiro mundo. Eu concordo com Nelson Rodrigues, que afirmou que “toda unanimidade é burra”. Por aqui, estamos em fase de crescimento, e para os que conseguem ver, também, de abundância. Escolha de que lado quer ficar, eu já escolhi o meu.

Este artigo foi publicado na íntegra pela revista Edificar, edição 43.

https://revistaedificar.com.br

 

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