Você não vai desaprender a andar…

Você já parou para pensar no seu processo de aprendizagem? Mais interessante do que aprender, é saber como a nossa mente funciona nesse percurso e quais são as etapas. Saber lidar com cada uma delas vai fazer toda a diferença na sua exploração.

Aos 18 anos, eu tirei a minha carteira de motorista. É algo simbólico, pois eu esperei bastante e desejei muito ser livre para ir e vir no meu próprio carro. Na época, ao celebrar a maioridade e receber de presente dos meus pais as aulas da autoescola, eu já me imaginava no carro dirigindo, mesmo sem ter a menor ideia de como fazer. Eu estava motivada e não tinha nenhum conhecimento. Esta etapa é chamada de incompetência inconsciente. A falta de conhecimento sobre o “como” nos ajuda a ter confiança interna e motivação. Nessa fase, acreditamos que tudo é possível.

A minha confiança diminuiu drasticamente quando eu comecei a frequentar as aulas, e me deparar com questões teóricas e práticas relacionadas ao meu sonho de consumo. Toda aquela motivação deu lugar à frustração e, pela primeira vez, eu pensei coisas do tipo: será que eu vou conseguir? Será que eu vou passar na prova? Nessa fase, que se chama de incompetência consciente, foi importante receber todas as orientações dos instrutores e me dedicar bastante ao processo de aprendizagem. Os erros aconteceram, e sem eles eu não teria me desenvolvido.

O tempo passou e eu comecei a entender o processo. Ao estudar a teoria, me senti mais segura e consciente do que significa dirigir. Fiz a prova teórica e passei de primeira. A prática foi um pouco mais difícil e eu passei na segunda tentativa. Então, me senti muito bem ao conquistar, sozinha, o título de motorista. Celebrei e vibrei. Poucos segundos depois que recebi o resultado da prova prática, tive um insight: Agora, eu posso dirigir sozinha!

A possibilidade de colocar tudo em prática oficialmente, com a carteira em mãos, me deixou insegura. Eu tinha o conhecimento e a validação, estava na fase da competência consciente, mas, a falta de prática e experiência faziam com que eu precisasse de validação externa e ajuda de terceiros para dirigir tranquila. As minhas primeiras saídas eram acompanhadas de amigos ou familiares.

Depois de uns meses de prática, eu entrei na fase da competência inconsciente, e atingi o estado de flow (de fluidez). Eu nem sabia que sabia! Dirigir se tornou um hábito prazeroso e saudável e, finalmente, senti aquela liberdade de ir e vir que eu tanto almejei.

As etapas de aprendizagem são simples e, no dia a dia, há uma tendência a não se olhar para as fases 2 e 3. Espera-se das pessoas que elas estejam motivadas e, em seguida, pulem para a fase da excelência. A frustração e a insegurança são parte do processo de aprendizagem e não devem ser ignoradas. Elas devem ser acolhidas e vencidas. Muitas empresas demitem funcionários que ainda não dominam os processos antes do tempo. Por outro lado, não sabem lidar com a insegurança de colaboradores que repetem as mesmas perguntas em busca de validação. O convite é simples: olhe para as quatro fases de aprendizagem e faça intervenções pontuais conforme os avanços no processo de cada um. Faz sentido para você?

Anne K.

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